Na última segunda-feira, depois de 23 anos no comando da CBF
(Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira renunciou ao posto
máximo do futebol brasileiro. Além de, deixar também a presidência do COL
(Comitê Organizador Local), órgão destinado a organização da Copa do Mundo.
Teixeira afirmou que precisa cuidar da saúde, muito
comprometida devido aos anos no comando da CBF, e deixa o comando para seu
vice-presidente mais velho, José Maria Marin, conhecido pelo público pelo
incidente da medalha. Na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, enquanto
distribuía as medalhas para os jogadores do Corinthians, colocou uma das
medalhas no bolso e levou embora como se fosse sua.
Durante seu mandato na CBF, Teixeira conquistou vários títulos,
entre eles duas Copas do Mundo, (1994 e 2002), mudou a fórmula do campeonato
brasileiro para pontos corridos, o que segundo muitas pessoas contribuiu com
estrutura das equipes, porém o que realmente marcou sua gestão foram as
diversas acusações de envolvimento em corrupção, pois Teixeira pegou uma CBF
endividada e em pouco tempo aumentou muito o faturamento do órgão.
Além disso, outra crítica ao seu mandato foi a “ditadura”
que imperou na CBF, pois foram 23 anos sem mudança no comando. Muitas pessoas
torceram muito para que ele deixasse logo o órgão para que houvesse alternância
no poder, como de fato deve acontecer, e novas ideias e mentalidades de comando
pudessem aparecer, porém com Marin assumindo o poder não devemos esperar
grandes mudanças, é provável que tudo, mesmo estando errado, continue da mesma
forma e não devemos esperar muito de uma pessoa que “pega” uma medalha que não
é sua e coloca no bolso.
Veja abaixo a carta enviada por Teixeira para oficializar
sua saída da CBF:
"Ser presidente
da CBF durante todos esses anos representou na minha vida uma experiência
mágica. O futebol, no Brasil, é mais que esporte, mais que competição. É a
paixão que envolve, é o sofrimento que alegra, é a fidelidade que unifica.
Por
essas razões, pensei muito na decisão que ora comunico e pensei muito no que
dizer sobre minha decisão.
Presidir
paixões não é tarefa fácil. Futebol em nosso país é sempre automaticamente
associado a duas imagens: talento e desorganização. Quando ganhamos, despertou
o talento. Quando perdemos, imperou a desorganização.
Fiz,
nestes anos, o que estava ao meu alcance, sacrificando a saúde, renunciando ao
insubstituível convívio familiar. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado
nas vitórias. Mas isso é muito pouco, pois tive a honra de administrar não
somente a Confederação de Futebol mais vencedora do mundo, mas também o que o
ser humano tem de mais humano: seus sonhos, seu orgulho, seu sentimento de
pertencer a uma grande torcida, que se confunde com o país.
Ao
trazer a Copa de 2014, o Brasil conquistou o privilégio de sediar o maior e
mais assistido evento do mundo, se inseriu na pauta mundial, alavancou mais a
economia e aumentou o orgulho de todo o povo brasileiro.
Tentei,
no limite das minhas forças, organizar os talentos. Nas minhas gestões, criamos
os campeonatos de pontos corridos e a Copa do Brasil, aumentamos
substancialmente as rendas do futebol brasileiro, desenvolvemos o marketing e,
principalmente, vencemos.
Hoje,
deixo definitivamente a presidência da CBF com a sensação do dever cumprido.
Não há sequência de ataques injustos que se rivalizem à felicidade de ver, no
rosto dos brasileiros, a alegria da conquista de mais de 100 títulos, entre os
quais duas Copas do Mundo, cinco Copas América e três Copas das Confederações.
Nada maculará o que foi construído com sacrifício, renúncia e dor.
A mesma
paixão que empolga, consome. A injustiça generalizada, machuca. O espírito é
forte, mas o corpo paga a conta. Me exige agora cuidar da saúde.
Em
obediência ao estatuto da CBF, mais precisamente ao disposto em seu artigo 37,
você, meu vice-presidente e ex-governador de São Paulo, José Maria Marin, passa
a presidir a CBF. A você, desejo sorte, para que o talento se revele na hora
certa; discernimento, para que o futebol brasileiro siga cada vez mais
organizado e respeitado; e força, para enfrentar as dificuldades que certamente
virão.
Deixo a
CBF, mas não deixo a paixão pelo futebol. Até por isso, a partir de hoje e
sempre que necessário, coloco-me à disposição da entidade. Reúno-me com mais
força à minha família, que entendeu minha missão, apoiou-me sempre e me faz
ainda mais feliz.
Agradeço
de maneira especial aos presidentes de clubes e das federações estaduais, aos
dirigentes e colaboradores da CBF, amigos leais em quem sempre encontrei apoio
incondicional para o desempenho de meu trabalho.
À
torcida brasileira, meu muito obrigado. Nunca me esquecerei das taças sendo
erguidas. Elas estão no coração de cada um de nós. Elas são um pedaço do
Brasil."
Bom, torçamos para que a CBF melhore com a mudança, pois não
podemos ter problemas agora, as vésperas da Copa do Mundo que será realizada em
solo brasileiro daqui dois anos. Que tudo de certo e ao menos possamos realizar
um belo espetáculo em nossas terras.